Trauma na vela

Salut povo!

Pra quem não sabe, aqui na École Centrale a gente tem que fazer um esporte obrigatório. Bem, eu nunca me interessei muito pelos esportes do BDS (Bureau des Sports) então escolhi fazer vela.

Pois bem, é maid difícil do que parece. No começo, era horrível, porque eu não sabia direito o que fazer nem entendia o que me diziam pra fazer (vento = barulho; esporte = pessoas falando rápido, logo… já viu). Depois, fui me acostumando a fazer sempre mais ou menos as mesmas coisas… pelo menos quando dizem “on vire” eu já estou bem seguro do que fazer; o resto é mais desajeitado.

Sem contar que nas últimas vezes tava muito frio! Quando tava virado pro sol, beleza, mas quando a gente ficava na sombra… brrrrr!

Mas nada se compara a hoje à tarde. Muito vento, muitas ondas, a gente indo muito rápido, o barco balançando muito, muita água entrando… havíamos colocado uma espécie de macacão especial, pra proteger a roupa, porque já se esperavam essas condições. E os coletes também, bien sûr. Ora, já na hora de sair, começou a ser difícil – o monitor (que dessa vez era outro, não sei o que houve com o que sempre acompanhava a gente) resolveu fazer uma nova saída – na verdade, uma nova forma de içar a grande vela, o que já gerou alguns problemas. SInceramente, não sei o que disseram pra ele, mas tinha muita coisa que ele esperava que a gente já soubesse, sei lá…

O mar estava realmente agitado. Frequentemente pegávamos ondas que espirravam água na nossa cara, isso sem falar no resto do corpo (minha meia devia ter até peixe, se duvidar!), e com o vento forte, nossa – juro que eu nunca tinha sentido tanto frio na minha vida, sentia minhas mãos congelando, queimando, como se elas fosse rachar, tinha horas que eu perdia a sensibilidade, eu… nem sei descrever, mas era horrível! E eu de casaco, mas ele não dava conta, e não tinha capuz, minha testa também estava congelando, para não falar das orelhas! E o resto do corpo começava a tremer, também, e parecia que o único órgão que existia no meu corpo era o estômago, porque era uma das poucas que eu semtia plenamente. O que não era bom.

Sinceramente, não sei se foi alguma coisa que eu comi no almoço (foi bom, mas foi meio inovador, a entrada e a sobremesa do RU), mas lá pelas tantas, eu comecei a passar mal. Ou será que o frio tem relação com isso? Não sei; só sei que não estava me sentindo nada bem. Engraçado é que eu nunca tinha enjoado no mar, então… pode ter sido um misto dos dois, talvez, não sei…

Bem, nisso, adivinha o que é que veio? Meu almoço. Pra fora.

Triste.

Eu não sabia nem com que cara eu olhava o povo. Nem o lado do barco. Na verdade, eu não consegia nem fazer cara nenhuma, nem articular direito as palavras – o frio não deixava. Não sei como é que eu ainda conseguia pensar em como agir nas manobras. Na verdade, era mais o Armen (o outro embraqueur, ou como quer que se escreva) que ia fazendo e praticamente só me estendia a corda para eu puxar. Mas depois de regurgitar o que eu tinha no estômago, até que eu melhorei.

Só sei que o frio continuava, e eu fiquei muito contentede ter chegado ao fim. Sim.

O que foi uma pena foi que eu não pude ir servir na Missa nos Réformés – tive que ir em casa tomar banho, porque tudo meu estava o puro sal, principalmente os tênis/meias. Isso eu ainda não contei, mas fica pra uma outra vez.

Até a próxima!

 

P.S.: Pra quem não sabe, eu não bati a cabeça nem nada (o que acontece religiosamente a cada quinta-feira que te voile), o acidente do dia foi isso. Doloroso e humilhante, logo, pode entrar na conta.